17 Oct Slow Living: o portal para saborear a vida!
Foi na viagem que fiz à Tailândia que o conceito de Slow Living surgiu com maior impacto até mim, embora já estivesse consciente e sentisse já o apelo para estas temáticas. Estava em plena selva, em Kanchanaburi (a aproximadamente 160 km a norte de Bangkok), quando um dos guias que estava connosco me emprestou uma revista que uns turistas australianos lhe tinham deixado. Essa revista chamou-me a atenção pelo nome: Slow Living. Ora estando eu de férias num país paradisíaco, no meio da natureza, era mesmo o tipo de literatura que fazia sentido naquele momento. Comecei a ler a revista e fiquei fascinada com os artigos que li, falavam da arte de saber abrandar o ritmo dos dias, de saborear o momento presente, de dar valor ao essencial e de nos conectarmos com a nossa vida, aprendendo a viver com mais intenção e propósito. Viver devagar significa saborear mais cada momento e apreciar cada detalhe. É abrandar para ver mais e ouvir melhor, em vez de permanecer na frenética corrida para alcançar mais coisas, dinheiro, sucesso ou felicidade.
Um estilo de vida inspirado no Slow Living envolve uma abrangência que ultrapassa o significado literal da palavra. Viver mais lentamente? Sim, principalmente com a aceleração que tomou conta do mundo. Mas é bem mais do que isso. O Slow Living sugere uma vida inspirada por valores simples e reais. Menos esquecidos pela velocidade e pelo piloto automático que transformou as pessoas em consumidores e o senso de comunidade em cada um por si. Uma vida preenchida por significados e realizações. Equilíbrio. Sentir na pele e na alma o bem-estar, a serenidade, o bem viver. De maneira holística, interligados que estamos – todos nós e o nosso planeta.
O conceito do Slow Living vai além do sustentável. Somado a isso, entram a cooperação, respeito, gratidão, celebração e resiliência. Um viver consciente inspirado por reflexões que nos direciona para novos olhares e novos caminhos. Um resgate de valores e sabedoria que trazem de volta o conceito da partilha. Conexão entre todas as pessoas, lugares e seres vivos, inclusive connosco mesmos. Cuidar e proteger nossa casa num sentido mais amplo.
Na nossa cultura, onde existe a crença enraizada de “fazer para ter”, em que para se ser bem-sucedido tem que se trabalhar muito e em várias coisas ao mesmo tempo, no não ter tempo para nada e estar sempre ocupado, pode até ser mal interpretado dizer que se quer de facto passar a ter uma vida mais calma. Viver devagar não significa ter muito trabalho ou compromissos, antes pelo contrário, o foco é maior porque nos concentramos no momento presente, naquilo que estamos a fazer. Ao nos concentrarmos somos mais eficientes, menos distraídos com o que nos rodeia, acabamos mais cedo tarefas, temos assim mais tempo para nós e para todas as outras coisas que gostamos de fazer.
Esta forma de estar na vida que me apaixona também me desafia. Desafia a vontade querer sempre fazer tudo bem, ser a super-mulher a super-mãe, a super-profissional a super-dona de casa que tem sempre tudo controlado e organizado. Mas sei que tenho vindo a melhorar neste aspeto e a tomar mais consciência do meu SER e do que é realmente importante para mim e me faz feliz. Deixo-vos algumas dicas que me têm ajudado e espero que também vos ajudem a abrandar o ritmo dos dias e a viver o momento presente com mais intensidade e contribuição para um mundo melhor e mais consciente:
- Uma coisa de cada vez. Crescemos a acreditar que o multitasking é uma competência espetacular, mas na verdade quando queremos fazer várias coisas ao mesmo tempo a o nosso foco perde-se e a qualidade sai comprometida, tornando-nos menos eficientes. Fazer uma coisa de cada vez permite-nos dar atenção plena ao momento presente e com mais foco e concentração, os resultados são sempre melhores! Planear a forma como vamos organizar o nosso tempo ajuda-nos a concentrar no que é realmente importante.
- Aprender a viver com menos. Existe em nós uma insatisfação constante que nos leva a querer sempre mais. Mais dinheiro, mais coisas, mais sucesso e mais daquilo que acreditamos que nos vai fazer felizes. Quantas vezes não sacrificamos a qualidade da nossa vida com esta constante ansiedade de ter mais? Aprender a viver com menos numa sociedade em que somos constantemente incentivados ao consumo (basta entrar nas redes sociais para começar a sentir necessidades que até então não tínhamos) é um desafio mas é fundamental para viver mais devagar. Agradecer por tudo o que temos e entender que é tudo o que precisamos para viver, rodearmo-nos apenas daquilo e daqueles que nos fazem bem, e nada disto tem de ser em grandes proporções. Porque não precisamos de muitos mas sim de bons amigos nem de quilos de tralha que não nos faz a mínima falta.
- Viajar. Aprender a viver com menos bens materiais ajuda-nos também a reservar uma parte do nosso orçamento para viajar (aquilo que mais adoro!). Quantas pessoas conhecemos que passam a vida a dizer que não têm dinheiro para viajar mas não passam sem o último modelo de iphone ou andam sempre atrás do último grito da moda. Não é preciso muito dinheiro para viajar, nós é que quando pensamos em viajar pensamos em hotéis luxuosos e nos melhores restaurantes. Mas não precisamos disso para viajar. Existem outras formas de viajar, mais simples e próximas da cultura que queremos conhecer. Viajar permite-nos alargar horizontes, conhecer outras formas de estar e ver o mundo e a conectar-nos connosco próprios. Ajuda-nos a equacionar novas possibilidades e dá-nos perspectiva para ultrapassar os nossos desafios e a relativiza-los perante a grandeza do mundo.
- Desligar o smartphone. Esta é sem dúvida a maior distração dos nossos tempos. Vivemos agarrados ao telemóvel “desprezando” muitas vezes as pessoas que estão connosco em detrimento das que estão no mundo virtual. Isto distrai-nos e afeta a forma como nos relacionamos. Há dias a ver uma foto antiga com as minhas amigas recordávamos os momentos em que não existiam smartphones e as relações eram mais próximas, as conversas mais longas e a vida mais leve. Saber desligar ou silenciar o telemóvel é essencial para uma presença de qualidade.
- Manter o nosso espaço organizado. Viver ou trabalhar no caos afeta a nossa energia e a forma como nos sentimos e concentramos (pelo menos a mim). Manter o espaço organizado é fundamental para me sentir bem e focada.
- Praticar mindfulness. Seja formalmente sentado em meditação, seja em práticas que nos tragam verdadeira alegria e nos façam viver no aqui e no agora sem julgamento nem culpa em relação ao passado nem medo e ansiedade em relação ao futuro. Este espaço é essencial para sabermos lidar com as várias situações da nossa vida, sabendo que o agora é que tudo o temos, observando e aceitando os pensamentos, sensações e emoções que surgem a cada momento sem nos identificarmos com elas, sem necessidade de controlar e sabendo que está sempre tudo bem.
E vocês têm outros hábitos para partilhar que ajudem a aumentar o bem-estar e a viver uma vida com mais propósito e bem-estar?
Susana Batalha
Posted at 01:10h, 21 OctoberAdorei! Obrigada pelas dicas! 😊😍 É um tema com o qual me identifico e que me interessa muito! Vivendo e trabalhando na Alemanha sempre senti muito essa pressão de ter de fazer mais e mais rápido! Foi há cerca de 2 anos que devido a uma crise que afetou a minha saúde e bem estar físico e psíquico que me percebi que tinha de abrandar o ritmo e começar a cuidar mais de mim. Silenciar as vozes ( do ego e pressões sociais) para poder ouvir a minha! Desejo-te muito sucesso, resiliência e confiança para que continues a criar o teu caminho e a brilhar ✨ essa luz tão própria de ti e tão única!