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Porque é que eu às vezes me sinto uma tartaruga e está tudo bem!

Quando falamos em processos de mudança ou de transformação, existe a ideia de que a transformação acontece no momento em que decidimos mudar alguma coisa na nossa vida (exteriormente). Mas a mudança para ser duradoura vem de dentro e requer tempo, coragem, consistência e muita paciência.

Ao longo da minha experiência como consultora em gestão da mudança percebi que mudança e transformação são conceitos distintos. A mudança é exterior e acontece num momento específico do tempo, ao passo que a transformação é o processo psicológico interior que acompanha a mudança (tanto individual e colectiva). Isto permite-nos separar a mudança, seja ela qual for, em 3 fases: Antes da Mudança, O Momento da Mudança e o Após a Mudança.

A transformação acontece ao longo das 3 fases e é importante que respeitemos o tempo cada um de nós leva a atravessar este processo e as emoções associadas a cada uma das fases. Não quer dizer que as emoções turbulentas deixem de existir mas tomando consciência delas mais facilmente conseguimos navegar por mares desconhecidos.

Em relação à minha própria mudança, a transformação dentro de mim começou muito antes de tomar a decisão de me aventurar por minha conta e risco e abraçar os sonhos que não podiam mais continuar a ser adiados. Começou com uma insatisfação com a minha carreira, sentia falta de propósito, sentia que passava os meus dias a fazer coisas que não me traziam sensação de preenchimento e alegria. Esta era uma situação nova para mim que sempre fui muito entusiasta e auto-motivada no meu trabalho e sofria com isso. Sentia-me sem energia, sem vontade de ir trabalhar e sentia-me culpada por isso.

Foi após o meu casamento e de regressar de uma lua-de-mel de sonho que decidi que tinha de dar um rumo à minha carreira (ainda longe de pensar despedir-me). Sentia-me a estagnar, queria aprender mais, queria evoluir, queria seguir a minha maior paixão e potenciar as maiores forças que sentia ter em mim: a o positivismo, a empatia, o potencial e a diversidade humana e a capacidade de mobilizar e unir as pessoas para a mudança. Foi então que decidir e estudar sobre coaching para perceber melhor o ser humano, o que o motiva e como alcançar os seus sonhos/ objetivos. Foi um dos momentos de grande transformação, tudo o que aprendia parecia que já estava dentro de mim mas não o saberia ainda explicar com as palavras certas e de forma estruturada. A sensação que tive foi de estar no sítio certo e houve uma luz que se foi acendendo em mim que nunca mais me deixou: a certeza de que era este o meu caminho! 

Embora eu soubesse que não me via na empresa onde estava a longo prazo, voltei com uma nova motivação para o meu trabalho e comuniquei a minha paixão pelo coaching e desenvolvimento pessoal, de forma proativa fui encontrando oportunidade para fazer mais daquilo que mais gostava, para além dos projetos que já tinha. Explorei as várias possibilidades que tinha, sem ter de sair da empresa. Agarrei as várias oportunidades que me foram dadas: eram um grande esforço adicional que fazia e não eram ainda o meu sonho mas já estava a experiênciar esse caminho!

Muitos foram os momentos de clareza e de desconstrução de crenças limitadoras neste processo. Tive a certeza de que queria trabalhar nesta área, que estava preparada para ser mãe e educar o meu filho de uma forma consciente e, o que foi mais avassalador, sentir que não tinha de esperar primeiro mudar de carreira para ser mãe (até então acreditava que só poderia ser mão quando me sentisse plenamente realizada na minha carreira). Agora percebo porquê!

Entretanto engravidei e tive o meu filho. Antes de ele nascer estava muito preocupada em ter um plano para preparar a minha saída e o regresso ao trabalho foi bastante doloroso. Sentia que já não pertencia ali. Sabia que continuar num emprego com um horário e exigência tão grandes não me deixariam tempo para desenvolver o meu próprio projeto, que não era este estilo de vida que queria para mim e para a minha família. Que tinha de ser eu a criar esse estilo de vida que fizesse sentido para nós. A minha definição de sucesso tinha mudado e senti que era a altura certa para dar o grande salto de coragem e seguir o meu coração.

Depois de longas conversas, de muito medo e algumas lágrimas, lá decidi sair da empresa onde estava. Esta decisão simboliza a esta mudança propriamente dita, foi apenas o início que uma transformação que já tinha começado em mim.

A ideia que vos quero transmitir é que a transformação (aquela que acontece dentro de nós) não é imediata e exige uma grande adaptação ao exterior. A melhor forma que tenho encontrado para lidar com esse medo do desconhecido, o medo de falhar é forcar-me no porquê. Quando me foco no porquê e começo a imaginar aquilo que quero para a minha vida, começo a sentir-me dessa forma que me quero como se já fosse real. E é nessa força mobilizadora de saber que estou no meu caminho (por mais diferente e incerto que seja) e com pequenos passos (por mais pequenos que sejam) nos vamos aproximando mais na nossa versão mais autêntica e com a capacidade para seguir todos os nossos sonhos. Mesmo após a mudança as duvidas e os medos aparecem. É nestes momentos que a vontade de voltar atrás pode surgir, é uma altura de algum caos e confusão entre o velho e o novo. É importante reconhecer essas emoções e perceber “o que é mais importante para mim agora?”, “qual é a minha intenção com esta mudança?”, “daqui por 5 anos vou arrepender-me de não ter começado hoje?”.

Se tiver de escolher aquele que considero o principal pilar para qualquer mudança duradoura na nossa vida, é cuidarmos da nossa auto-estima o nosso sistema imunitário social, a forma como nos valorizamos por sermos quem somos! Criar hábitos de amor próprio, de nutrirmos o nosso corpo com uma alimentação saudável,  exercitando-o e (muito importante!!!) e cuidarmos da nossa mente e do nosso coração. A mente não lida bem com a mudança vai barafustar por controlo e por tudo o que é familiar vezes sem conta: “não és capaz”, “quem és tu para”, “já toda a gente está a fazer isso”,… São crenças que estão muito programadas em nós e nos impedem de viver a vida de forma mágica, de nos conectarmos com a nossa essência e construir relações reais. É absolutamente essencial amarmo-nos incondicionalmente, sermos a nossa melhor amiga, que nunca nos abandona e tem a coragem de se mostrar, se entrega de coração e vive a sua verdade. Esta entrega implica confiar na nossa intuição, aceitar a nossa imperfeição, abandonar o julgamento, confiar no fluir da vida e acreditar que tudo o que acontece na nossa vida é para nos ensinar algo e para a nossa própria evolução. Estes últimos meses tenho sentido a necessidade de estar mais virada para mim própria, para consolidar aprendizagens, estudar, trabalhar e criar mas é agora tempo de partilhar com todos vocês todas estas aprendizagens.

Portanto como podem ver desde 2014 que comecei a traçar este caminho e agora é que o estou a partilhar e a tornar uma realidade. A paciência, a resiliência, o amor próprio e o foco no meu propósito têm sido fatores determinantes nesta minha jornada. Sou ou não sou uma pequena tartaruga? E está tudo bem!

A única constante da vida é a mudança.

E tu que mudanças gostarias de fazer na tua vida? Que passo podes começar já hoje a dar?

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