Desde sempre que adoro estar rodeada de pessoas e ter longas conversas sobre sonhos, motivações, desafios, sobre a sua experiência e visão do mundo. Quis ser professora, jornalista, escritora e adorava história, educação visual, matemática e filosofia. A paixão pela leitura, pelas palavras e o questionamento sempre habitaram dentro de mim. Nunca me identifiquei só com uma coisa e conseguia imaginar-me em qualquer um destes percursos. Foi muito difícil escolher.
Escolhi estudar Economia e comecei a trabalhar como Consultora numa das maiores multinacionais do mundo. Adorava o meu trabalho que me permitia trabalhar em clientes, indústrias e projetos diferentes, tanto nacionais como internacionais. Passei por Londres, Madrid, Budapeste e Luanda. Foram anos de verdadeira aprendizagem!
Aquilo que mais adorava nesta profissão era o desafio constante e o contacto com as pessoas, ajudá-las a alcançarem os seus objetivos e perceberem com estes são importantes e afetam o coletivo. Sentia-me particularmente feliz e realizada a dar formação, na gestão do relacionamento com o cliente e como gestora da mudança e mobilização de equipas para a implementação de projetos de transformação.
Com o passar do tempo deixei de me sentir tão realizada, aparentemente estava muito bem na minha carreira mas sentia que podia fazer mais, que a minha forma de ajudar as pessoas estava bastante condicionada e limitada aos projetos em que estava envolvida. Comecei a sentir-me triste com o facto de muitas vezes sentir que não podia ser “eu própria”, que tinha que assumir um papel com algum formalismo com o qual não me identificava e que me distanciava dos outros. Comecei também a perceber que as outras pessoas com as quais interagia também estavam a representar um papel muitas vezes condicionadas e sem concordar com ele mas sentindo-se incapazes de fazer algo para o mudar. Sentia-me desenquadrada, numa constante busca de perfeição. Focada nas pessoas, emotiva, comunicativa e intuitiva sofria bastante quando sentia que o foco maioritariamente nos resultados e na competição começava a comprometer o bem-estar emocional das pessoas.
Comecei proativamente a procurar dentro da empresa onde estava a trabalhar formas de explorar mais as minhas paixões e aquilo que considerava serem as minhas forças. Procurei as áreas em que achava que podia de facto fazer a diferença. E agarrei com determinação e alegria as oportunidades que me foram dadas. Ainda assim, não era suficiente, sentia que já não era ali que pertencia. O impulso para mudar, para aprender mais e seguir os meus sonhos era cada vez maior, não havia volta a dar!
Tal como eu, à minha volta via amigos e colegas desanimados, queixosos dos seus trabalhos mas muitas vezes acomodados e sem saber o que gostavam mesmo de fazer, o que os apaixona, o que lhes deixa os olhos a brilhar ou o que querem para a sua vida. Era nesta angústia que me encontrava, gostava de formação, de desenvolvimento pessoal, de longas e profundas conversas e reflexões, de entender e ajudar o outro mas ainda me faltava clareza sobre qual o passo seguinte a dar na minha carreira.
Foi após o meu casamento, em 2014, que decidi voltar a apostar em mim e na minha formação. Desde 2012 que tinha ouvido falar no Coaching, num workshop realizado no âmbito da semana do bem-estar na empresa onde trabalhava, e lembro-me que os meus olhos brilharam na altura e de sentir que tinha tudo a ver comigo, que era por aqui o meu caminho: ajudar as pessoas a viverem a sua melhor versão! Mas só em 2014 me permiti ir aprender mais sobre esse processo de desenvolvimento pessoal.
Foi uma aprendizagem e experiência verdadeiramente transformadora, que me fez sentir que estava no caminho certo. Confesso que no inicio fui com uma postura muito mental, numa lógica de formação profissional, a achar que ia aprender a ajudar os outros. Mal sabia eu que este processo iria ser muito mais sobre mim, conhecer-me a mim. Eu ia à procura de estratégias e de ferramentas e aquilo que encontrei foi a porta de entrada para a minha essência. Tive a certeza de que queria ter o meu negócio nesta área e que queria ser mãe, tal era o entusiasmo para educar de acordo com estes princípios! Lembro-me de perguntar constantemente : “como é que isto não é ensinado nas escolas?”. Educar em amor e liberdade, para SER, em vez de apenas focar o fazer e o ter. Era este o meu sonho, era isto que me movia. Se o Coaching tinha tido este impacto em mim na idade adulta, o que seria incorporar isto na educação das crianças? Teria a poder para mudar o mundo e de o tornar mais feliz, conectado e consciente.
O Coaching nunca mais me largou, no auto-coaching, nas minhas relações e nas sessões profissionais que fui começando a fazer. Cheguei ainda a realizar um workshop sobre o tema na empresa onde trabalhava. Sabia que tinha encontrado a ferramenta certa para me ajudar a realizar a minha missão: empoderar as pessoas para viverem uma vida mais autêntica e alinhada com a sua essência. Fiz várias formações em Coaching, PNL e Mindfulness. Durante este processo fui obtendo cada mais clareza sobre o que queria: soube que queria criar um projeto meu nesta área, que queria muito ser mãe, e que afinal as duas coisas poderiam acontecer em simultâneo.
Engravidei e só depois de ser mãe tive a coragem para abraçar este sonho por completo: por mim, pelo meu filho, pela minha família. Sabia que com um bebé pequenino e um emprego com horários tão exigentes não me iria permitir ser a mãe presente que queria ser na educação do meu filho nem desenvolver o meu negócio de sonho. A minha vida tinha de levar uma volta. Foi uma decisão difícil e de muito medo. Mas o amor falou mais alto e a força de acreditar nos meus sonhos era também aquilo que queria ensinar ao meu filho. Soube que a experiência da maternidade foi essencial para ligar todos os pontos e conciliar as minhas várias paixões: as pessoas e o seu potencial de transformação para uma vida com mais amor, autenticidade, propósito e alegria, através do coaching e da prática de uma parentalidade consciente.
Depois de muitas conversas em família, decidimos que esta seria a melhor decisão para todos e assim foi: despedi-me com o coração cheio de amor e de sonhos por concretizar. Com o apoio incondicional do meu marido a quem estou eternamente grata por acreditar sempre em mim, sem ele esta decisão, este tempo para investir em mim e nos meus sonhos não seria possível. Durante os 6 meses que se seguiram estagiei numa startup que me permitiu aprender imenso sobre o que é ter um negócio próprio e tudo que isso envolve! Foi uma experiência importantíssima e muito relevante para “desformatar” e desafiar a minha mente condicionada de 10 anos em consultoria e aprender a trabalhar noutro tipo de organizações e contextos de maior incerteza, mais jovens e metodologias de gestão de projeto mais ágeis. Ao mesmo tempo que continuei a desenvolver as minhas competências de coach e como gestora de projetos. Só no início deste ano comecei a dedicar-me a 100% ao meu projeto, a estudar muito e ao meu próprio desenvolvimento pessoal.
Durante todo este processo desde que me despedi (há um ano) tive oportunidade de enfrentar medos que desconhecia, de me desafiar como nunca. Por mais que os meus sonhos fossem grandes e entusiasmantes também me bloquearam muitas vezes. As vozes que me diziam “será que és capaz?”, “quem és tu para ser coach?”, “quem és tu para falar sobre estes temas?”, “e se correr mal?”, “estás a sacrificar a tua família por um capricho teu…” soaram na minha cabeça vezes sem conta.
Este foi sem dúvida o ano de maior auto-descoberta, estudo, aprendizagem, trabalho, desafio e transformação. Um processo que acredito me dotou de ainda mais consciência, capacidade de empatia, presença, generosidade e não julgamento.
Comecei a observar cada vez mais que à minha volta outras mulheres sofriam sozinhas: por não definirem os seus limites pessoas e se esforçarem sempre demasiado para corresponder às expectativas dos outros, de duvidar de si próprias, de não acharem que são suficientes, de se compararem constantemente, de falta de tempo para si e falta de clareza naquilo que querem para a sua vida…tudo hábitos que minam a nossa auto-estima e enfraquecem o nosso poder pessoal.
Tenho aprendido que a auto-estima é o pilar para nos sentirmos bem independentemente das circunstâncias externas das várias área da nossa vida, o nosso sistema imunitário social. Que quando este amor por nós é nutrido nos colocamos no nosso estado mais autêntico e cheios de recursos para viver a nossa vida única! O nosso mundo interior fica mais rico e alinhado com quem verdadeiramente somos e isso vai naturalmente refletir-se no mundo exterior.
Essa é a minha missão: Ajudar o maior número possível de pessoas a olharem para dentro de si e a perceberem o quão únicas e maravilhosas são e do quanto o mundo precisa dessa luz! Assim, cuidando de nós, a nível mental, fisico, emocional e espiritual) criamos o espaço necessário para conseguir mostrar aos nossos filhos o amor incondicional que sentimos por eles, e que tal como eles somos perfeitamente imperfeitos e ESTÁ TUDO BEM!